Ele está presente no Carnaval, nas festas de fim de ano,
nas confraternizações, na balada, na família... Seu melhor amigo? Não,
talvez o seu pior inimigo. Estamos falando do álcool, uma droga lícita
que enquadra os jovens no rol das suas principais vítimas. Segundo a
OMS, 320 mil jovens morrem todos os anos por causa do álcool. O que nós
devemos fazer?
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o álcool mata 320 mil
jovens todos os anos e está entre as principais causas de adoecimento e
morte no Brasil, segundo a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Mais de 60 tipos de doenças estão ligadas ao consumo de bebidas
alcoólicas; além disso, a maioria dos jovens que iniciam sua vida nas
drogas mais pesadas testemunham que o álcool foi a porta de entrada para
elas.
“O camarada diz: ‘Ah, eu só bebo no final de semana’. No
entanto, se ele ultrapassa os limites do seu organismo, também vai
enfrentar sérios problemas de saúde”, diz o psiquiatra Nilson Lyrio.
Muitos jovens não sabem, mas o simples fato de ultrapassarem os 30 gramas de álcool no sangue (o equivalente a três copos de chope), já
causa danos a vários órgãos, como fígado, pâncreas, estômago, coração e
cérebro. “O álcool gera o aldeído acético que é um veneno. Ele mata as
células do fígado e mata neurônios”, alerta doutor Nilton.
Além das doenças, as bebidas alcoólicas também fazem vítimas na
combinação “bebida x direção”. Estima-se que 75% das causas de mortes no
trânsito estejam – de forma direta ou indireta – ligadas ao consumo
delas [bebidas alcoólicas] . “As pessoas que bebem perdem, em grande
parte, a sua capacidade reflexiva, alterando o equilíbrio e seu senso
espacial”, explica a psicóloga Elaine Ribeiro.
Por que eu bebo?
A pergunta é: por que os jovens estão bebendo cada vez mais cedo e em
maior quantidade? O que está por trás do consumo abusivo entre este
grupo?
“Muitas vezes, o jovem busca a solução para seus problemas no
álcool, numa tentativa de fugir do meio em que se encontra”, conta o
psicólogo Marcos Ariel. De acordo com o profissional, é normal a
transgressão de algumas regras e limites nessa etapa, mas o consumo
abusivo pode estar escondendo a fuga de alguma situação problemática ou
conflito interior. É nesta hora que o álcool surge como um “anestésico”.
“O uso abusivo do álcool pode estar escondendo alguma situação problemática ou conflito interior”.
Para a psicóloga Elaine, o adolescente também tem a necessidade de
fazer parte de um grupo e de ser aceito socialmente por ele, porque
busca uma identidade; assim o álcool surge como uma forma de
socialização. Mas a especialista alerta: “muitos jovens pensam que a
bebida vai deixá-los mais livres, mais alegres, no entanto, o álcool é
um inibidor do sistema nervoso central. Então, depois daquele momento de
euforia vem a depressão”.
No ano de 2011, a mundo assistiu ao fim trágico de uma das mais
talentosas cantoras da atualidade, a britânica Amy Winehouse. Segundo o
laudo a jovem morreu por causa do abuso do álcool e drogas. “Por mais
talentosa que esta cantora tenha sido, o que fica é o ‘como’ ela
terminou. Querendo ou não estes artistas também são referência para os
jovens e, neste caso, uma referência negativa”, destaca a psicóloga
Elaine.
Quando o vício bate à porta
Segundo a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), 78% dos jovens
brasileiros bebem regularmente e, deste número, 19% são considerados
dependentes do álcool. “A pessoa que bebe deve procurar saber
se, na sua família, há histórico de alcoolismo, porque ela pode trazer o
gene da dependência, que vai predispô-la a ser uma adicta em
potencial”, orienta o psiquiatra, doutor Nilton Lyrio.
Segundo o psiquiatra, além da questão genética que pode causar
dependência, o consumo exagerado e frequente pode viciar a pessoa no
álcool. “No fim de semana, o cara diz que ‘bebe todas’. Ele começa
assim, bebendo ‘todas’ no fim de semana, mas, depois, passa a beber
muito também durante a semana. Quando vê, já está buscando a bebida de
forma compulsiva. Podemos dizer que este cidadão já está dependente”.
A religião como fator preventivo
A religiosidade vem ganhando destaque quando se trata da prevenção e
da recuperação de jovens adictos de drogas lícitas e ilícitas. Dados
publicados pelas PubMed e Scielo (Revistas de Medicina da Saúde dos
Estados Unidos da América), revelam que pessoas que seguem uma religião
ou dão importância à espiritualidade apresentam baixos índices de
consumo de drogas como o álcool. Outro dado é que adictos que se tratam
em comunidades terapêuticas de cunho religioso apresentam uma
recuperação mais satisfatória do que aqueles tratados em clínicas
médicas convencionais.
“Às vezes, pensamos que o recuperando não tem jeito, mas é
neste momento que Deus age e muda a vida dessa pessoa”, ressalta Márcia
Hoenhe, da Pastoral da Sobriedade da Diocese de Lorena (SP). Para Márcia, que trabalha na Casa Ágape (uma comunidade terapêutica), é
notável a recuperação da pessoa que crê em Deus e participa das
atividades de espiritualidade da casa de recuperação, diferentemente
daquelas que não acreditam e não participam.
“Eu tenho 32 anos de idade e metade da minha vida eu passei nas
drogas. Elas só me deram euforia e eu não sabia o que era felicidade
verdadeira, mas coloquei Deus na minha vida e Ele está me abençoando”,
testemunha Douglas, que se recupera do vício na casa Ágape.
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